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Tecnologias sociais levam água de qualidade para o semiárido
“Guardar na abundância para usar na escassez”. É a partir do saber popular e de tecnologias sociais que muitos pequenos produtores do semiárido nordestino conseguem viver com dignidade. Uma das iniciativas que apoiam agricultores familiares a se abastecerem é o Projeto Paulo Freire, desenvolvido pelo Governo do Ceará em parceria com o FIDA, que tem o objetivo de reduzir a pobreza e extrema pobreza no campo e o êxodo rural.
Nos territórios de Sobral, Inhamuns e Cariri Oeste cearense, as agricultoras e agricultores conseguem manter o semiárido vivo e produtivo o ano todo. A convivência com o semiárido envolve uma série de técnicas, práticas, métodos e saberes construídos a partir da educação popular. Nesse trabalho, aliam-se conhecimentos tradicionais aos conhecimentos científicos, tratando de temas como agricultura, água e alimentos: plantar e criar espécies adaptadas ao clima; reservar, preservar e reutilizar a água; estocar e conservar alimentos para animais.
A segurança hídrica para os pequenos produtores pode ser alcançada com diferentes tecnologias sociais, como as cisternas de 16 mil litros, que recebem a primeira água das chuvas, captada dos telhados. Essa tecnologia envolve as famílias na sua implementação e no gerenciamento dos recursos hídricos.
No caso da cisterna de 52 mil litros, o objetivo é essencialmente a produção de alimentos nos quintais produtivos. Conta com canteiros econômicos, sistema de irrigação e entrega de sementes, além do acompanhamento técnico e da formação teórica e prática sobre a produção de hortaliças e da manutenção das tecnologias.
Outro recurso importante para os pequenos produtores é a estação móvel de tratamento de água, que garante a qualidade da água para quando as cisternas são abastecidas por fontes não seguras.
O reaproveitamento de águas servidas é mais uma tecnologia utilizada nos projetos apoiados pelo FIDA e ajuda muito na produção de alimentos. Para os animais criados pelos agricultores familiares, uma tecnologia mais antiga é o barreiro, que consiste em uma barreira de trincheira, com até 5 metros de profundidade, construída em solo de textura argilosa (aspecto de barro), o que diminui a área do reservatório exposta ao vento e sol, reduzindo a evaporação e também a infiltração da água no solo.